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Por uma escola adequada (Zero Hora)

Por uma escola adequada (Zero Hora)

Zero Hora, 18 de fevereiro de 2014

Em final de período de férias escolares e às vésperas de mais um ano letivo, nada mais oportuno que uma reflexão sobre educação, seu papel na vida social e o significado de seus atores diretos. Professor vem do latim “professor, oris”, o que professa, o que se dedica a, o que cultiva. No sentido primitivo, era o que fazia juramentos ou declarações públicas, especialmente de caráter religioso. No início da era cristã, os professores geralmente eram sacerdotes, exercendo, portanto, simultaneamente as funções eclesiásticas e as de educadores. Daí se explica a mistura de significados, o que leva, inclusive, hoje a muitos ainda afirmarem que o magistério é um sacerdócio. Aluno, do latim “alumnus”, criança de peito, lactente, escravo nascido na casa ou criança recolhida das ruas, tornados cativos de quem os alimentava e educava. Mais tarde, com o surgimento das escolas, passou a designar o que aprende, pupilo, discípulo.

Ensinar e saber também são verbos vindos do latim: “insignere”, colocar um sinal ou marca, assinalar, distinguir, mostrar, indicar. A partir daí, indicar o caminho para aprender; “sapere”, ter sabor, agradar ao paladar. Mais tarde, passou a ter o sentido de saber, aprender, conhecer. O lente significa professor e a lente dos óculos é a que ajuda a ler. O lente e a lente originam-se do mesmo verbo latino “legere”, ler. Ocorre que, em tempos mais antigos, o professor escrevia as suas aulas e depois as lia aos seus alunos, tornando-se, por isso, o lente, o que lê. O conjunto de aulas que o professor lia compunha o ano letivo, particípio de “legere”, ou seja, o que tinha sido lido.

Esse resgate linguístico faz refletir sobre a trajetória da educação. O professor deve ter um carisma pessoal, intransferível. Deve, antes de todos, acreditar em si, crer no que professa. A sociedade deve-lhe respeito pela função que ele exerce, indispensável para o desenvolvimento. Se antes a informação só existia na escola e agora está disponível em muitos meios _ jornal, TV, rádio, internet etc _, cabe ao professor e à escola a crucial tarefa de dar sentido a esses conhecimentos. Dar sentido é fazer a ligação com a vida do estudante, modificar sua vida, abrir-lhe horizontes. Ir além do imediato, do utilitário, agregar-lhe valor. Ajudá-lo a construir um projeto de vida, um futuro.

Há menos de meio século, a escola era privilégio de poucos. Hoje é um direito universal, tardio reconhecimento que atrasou o desenvolvimento do país. O desafio é oferecer uma escola de qualidade para todos, especialmente as públicas, para onde vão os menos aquinhoados. Os legisladores, o Judiciário, diante da falência da família tradicional, empurraram para a escola outras funções para impedir que a criança fique desprotegida. A escola é hoje uma grande provedora, dando comida, afeto, tutela, guarda. Nada mais justo para a criança. Cabe, porém, oferecer à escola e aos professores os meios para tantas funções simultâneas, inadiáveis, equipando-a com instalações e profissionais para essas novas demandas. A sociedade precisa fazer uma opção e priorizar de fato a educação. Estados e municípios, responsáveis pela Educação Básica, não conseguem dar conta, por absoluta falta de recursos. Se às escolas públicas são delegadas tais funções, devem lhes ser alcançados os meios para que as cumpram com eficácia. A escola não pode ficar na rabeira da história. A educação é o único caminho para o protagonismo e para o verdadeiro desenvolvimento com justiça social.

* Professor e escritor

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