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O brete do vestibular e da universidade pública (Zero Hora)

O brete do vestibular e da universidade pública (Zero Hora)

O brete do vestibular e da universidade pública
Zero Hora de 12/01/2011

Vestibular origina-se do latim “vestibulum”, espaço entre uma casa e a rua, pórtico, coberto saliente sobre a entrada de um edifício, alpendre, peça de entrada que dá passagem a outras peças da casa. Vestíbulo teve como sentido mais comum: entrada de casa, de acampamento, de túmulo. De vestíbulo surgiu, como metáfora, concurso vestibular de quem, afinal, se habilita a ingressar no edifício da faculdade.

Por estranho que pareça, estábulo também viria da mesma raiz de “vestibulum”, tendo em comum o verbo “stare”, estar. É a estrebaria, área coberta onde se abriga o gado. A palavra latina ganhou notoriedade, distinção semântica, pois passou a significar soleira de academia, forma de ingresso em curso superior. O caminho outrora percorrido pelos bichos, entre os romanos, hoje é brete de estudantes para chegar antes que os concorrentes, com o objetivo de garantirem o direito de ali adentrar e estar. Quem passa no vestibular é denominado bicho em oposição ao veterano. A única explicação possível para o emprego do termo bicho como calouro seria a de que é comparado a um animal, como se fosse um animal ainda não acostumado ao novo ambiente, em oposição ao veterano, já experiente naquele meio. Essa versão faz lembrar os vestíbulos romanos e principalmente os estábulos.

Em várias manhãs de janeiro, a cidade depara com esta cena: jovens, vindos de todas as partes, embretados, encurralados, no pórtico de entrada de colégios. Apressados, correm para ultrapassar o portão e entrar no corredor. Seu sonho é serem marcados na testa com a palavra “bicho”, deixando os concorrentes para trás. Os anos passam, tudo evolui. A escola, porém, fica sempre na rabeira, esquecida, atrasada, distante dos avanços tecnológicos. O vestibular é um exemplo claro de um modelo superado de avaliação. Poucos alcançam o fim do corredor, ultrapassam o brete e recebem a marca. A universidade pública tornou-se uma vasta fazenda, porém de portões estreitos, por onde podem entrar poucos “bichos” a cada ano. Parece-me evidente de que ela necessita de investimentos, grandes investimentos e um choque de gestão para abrigar mais sonhos e ideais de jovens brasileiros.

Ari Riboldi, professor e escritor

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