Mãe coruja

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A mamãe-coruja tem uma característica única: seu filho é detentor da mais extraordinária beleza, possuiu as mais raras qualidades e um caráter sem igual. Com certeza, trata-se do melhor dos filhos do mundo inteiro. É sem igual, sem comparação, irrepreensível. Por extensão, aplica-se a papai-coruja, vovó, vovô, tios e demais parentes. Ai de quem ouse falar algo que contrarie os dotes da referida criatura! Além de ser cego, é imbuído de pura inveja.

Para entender a origem da expressão e do fenômeno, necessário se faz relembrar uma fábula de La Fontaine.

A coruja e a águia

Coruja e águia, após longo tempo de muita briga, resolveram fazer um pacto e celebrar as pazes.
- Chega de guerra, disse a coruja. Este mundo é tão grande, não há motivo para andarmos a comer os filhotes uma da outra. É muita tolice da nossa parte.
- Muito bem, respondeu prontamente a águia. Estou de pleno acordo.
- De hoje em diante, não mais devorarás os meus filhotes, propôs a coruja.
- Perfeitamente. Mas como haverei de distinguir que sãos os teus filhotes? – indagou a águia.
A coruja prontamente respondeu-lhe:
- Nada mais fácil para reconhecê-los! É só observar a sua beleza! São os filhotes mais elegantes e mais encantadores sobre a face da terra!
E assim ficou acordado entre as partes. Dias depois, a águia andava faminta e partiu em voo à busca de caça. Com seus olhos privilegiados, logo encontrou um ninho, numa toca, com três monstrengos lá dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Que bichos horríveis! Com certeza, não são os filhos da coruja, pensou a águia.
Faminta e livre de qualquer dúvida, fez uma saborosa refeição, devorando os três bichinhos. Mas, infelizmente, eram os filhos queridos da coruja. Ao retornar para a toca, a triste mãe chorou amargamente e, de imediato, foi tirar satisfação da águia.
- Aqueles monstrenguinhos eram teus filhos? Juro que em nada se pareciam com a descrição que deles me fizeste, disse a águia, contrariada com o acontecido.
Moral: Quem ama o feio, bonito lhe parece.

Feliz Dia das Mães!

Ficar a ver navios

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Não alcançar o que pretendia; ficar logrado; sofrer decepção. A expressão teria surgido durante o período áureo das navegações portuguesas. Dom Sebastião, rei de Portugal, morreu na batalha de Alcácer-Quibir, em Marrocos, na África, em 1578, mas seu corpo nunca foi encontrado. Ninguém queria acreditar na morte do monarca, dada a sua fama de valentia, coragem e destreza.

Pelo contrário, difundiu-se a crença de que ele havia encantado e, a qualquer momento, voltaria a Portugal e retomaria o período das grandes conquistas pelos mares. As pessoas ficavam no Alto de Santa Catarina, em Lisboa, com o olhar voltado para o mar, esperando a volta do soberano. Como ele não retornou, o povo ficou a ver navios.